4/11/2012

Delegar para Liderar....

Há muita confusão na hora de definir a fronteira entre poder e autoridade, informações paralelas podem de certa forma atrapalhar o bom andamento e condução de um negócio, Consultores são desafiados quando mapeiam processos até descobrirem que muitas vezes os maiores erros não estão nos recursos tecnológicos disponíveis, ou falta de capacitação profissional, nas estratégias de Marketing, ou na ineficiência Logística e etc., e sim na forma como Executivos lidam com a delegação de tarefas, então, Como levar ao conhecimento deste a importância do tema? Ainda mais, Como mudar esta postura, uma vez que isto esta enraizada na cultura organizacional?
Estamos vivendo a era pós-industrial (um novo mundo, onde o trabalho físico é feito pelas máquinas e o mental, pelos computadores. Nela cabe ao homem uma tarefa para a qual é insubstituível: ser criativo, ter ideias), (A sociedade pós-industrial se diferencia muito da anterior e isso se percebe claramente no setor de serviços, que absorve hoje cerca de 60% da mão de obra, total, mais que a indústria e a agricultura juntas, pois o trabalho intelectual é muito mais frequente que o manual e a criatividade, mais importante que a simples execução de tarefas) recursos físicos ainda que necessários já não mais superam os ativos intelectuais, empresas tidas como inovadoras de diversos segmentos e que dependem da força criativa para continuarem competitivas são hoje as mais valorizadas nas bolsas de valores mundiais, é só pensar no investidor quando aplica seu dinheiro, o faz pensando no retorno futuro, então, maquinários e histórico de sucesso talvez não seja mais destaque nesta nova era, mas ainda há Executivos que pensam desta forma e são os que mais contratam serviços de consultoria esperando talvez que os relatórios os digam: Deleguem aos seus colaboradores, uma empresa hoje é um organismo vivo e esta nas mãos dessas pessoas...
Delegar pode não ser uma tarefa fácil, depende muito de como conduz as informações e distribui responsabilidades, no entanto, delegar precisa obedecer a algumas políticas nas quais devem ser muito bem elaboradas de modo que sejam sentidas por todos e não haja dúvidas na cabeça de nenhum membro da equipe, mas é necessário desde já entender que todos sem exceções fazem parte da mesma equipe (Um líder que não sabe delegar competências é como se fosse um pássaro de uma asa só).
Alguns Gestores encontram certas dificuldades na hora de conduzirem suas equipes e por diversos motivos não encontram as razões que justificam essa falta de entendimento entre os “elos” colaborador/empresa/gestores, a saber, o colaborador tem necessidade de subsistência, evolução/desenvolvimento profissional e satisfação pessoal, ademais, quaisquer aspectos acrescidos ou ausentes a esses três devem ser encarados sob outro prisma.
Em meus trabalhos como assistente de consultoria identifiquei que muitos executivos ainda não sabem, não conseguem ou não querem delegar tarefas, e desta forma a imprecisão nas informações difundidas permeiam toda a extensão da estrutura hierárquica o que causa uma verdadeira confusão generalizada, é comum encontrar Organizações Profissionais cuja Política hierarquia não é conhecida e/ou entendida pelos membros desta e isso quase sempre esta associado à falta de delegação por parte do Executivo que de tanto se envolver em “pequenos assuntos” além de bloquearem seus chefes, acabam se afastando do principal objetivo que é a Liderança na condução do negócio em si.
Em mim vem a lembrança uma atividade que desenvolvemos em sala de aula na qual explicita claramente a importância da organização enquanto se conduz “um grupo, uma equipe, uma empresa” enfim quando há necessidade de tomar decisões e estas invariavelmente dependem de “você”, a esta atividade demos o nome de estudo de caso:
O Conselho de Jetro.
A época é o século XIV antes de Cristo. Liderados por Moisés, cerca de 600.000 hebreus saíram do Egito e estão indo em direção à Terra Prometida já faz algum tempo, ontem, houve uma batalha contra os Amalequitas, Moisés está muito cansado, porque teve que ficar o tempo todo em cima de uma colina, segurando o cajado no alto, para que os Hebreus vencessem a batalha, ainda bem que Aarão e Hur estavam lá para ajudá-lo, segurando seus braços.
Hoje, Moisés está recebendo a visita de Jetro, seu sogro, não tem muito tempo para falar com ele, pois fica de manhã até a tarde recebendo pessoas do povo, que ficam numa fila aparentemente interminável, aliás, Moisés quase não tem tempo para mais nada, Jetro observa que Moisés resolve todos os problemas trazidos pelas pessoas.
Bem no final da tarde, Jetro leva Moisés até o alto de uma colina, onde possam conversar sem serem incomodados. - Moisés, pergunta Jetro, Por que você tem que ficar julgando pessoalmente todos esses casos que lhe são trazidos? O que querem todas essas pessoas?
- Bem Jetro, as pessoas querem ouvir de mim a interpretação da vontade e das leis de Deus.
- Desse jeito você fica sem tempo para cuidar das questões realmente importantes. Por que você não manda outros fazerem esse serviço? Já pensou se todo mundo quiser falar com você?
- Ora Jetro esse é o meu serviço, e depois, já imaginou se os outros fizerem algo errado? - Isso não deve preocupá-lo Moisés, escolha pessoas competentes e crie um sistema hierárquico, forme grupos de 10 assistentes para falar diretamente com o povo, para cada 10 grupos de 10 assistentes designe um feitor ele será responsável pela análise dos casos que os assistentes não souberem resolver e para cada grupo de 10 feitores indique um supervisor, esse será o chefe de 100. O Supervisor resolverá os problemas que os feitores não souberem resolver, finalmente, para cada grupo de 10 supervisores indique um chefe, o chefe de 1000 resolverá os problemas que os Supervisores não souberem resolver, assim você terá que se preocupar com os problemas que os chefes de 1000 não conseguirem solucionar, isso deixara há você tempo para que cuide do que realmente é trabalho de um Líder.
- Jetro quer dizer que eles serão capazes de resolver problemas? - Moisés treine esse pessoal, ensine-lhes a lei e dê-lhes as melhores diretrizes para explica-las, faça os responsáveis, avise a todos que de agora em diante eles deverão ser procurados, aprenda a delegar Moisés.
- E como fazer a escolha?
- Procure alguns que você sabe que são mais responsáveis e peça ao povo que eleja outros, forme sua equipe dessa maneira.
- Jetro seguirei seu conselho, mas, ainda tenho receios. E se eles não aceitarem essa responsabilidade?
- Ora Moisés! Você conversa com DEUS de vez em quando, ou pelo menos é o que você diz, ele com certeza saberá aconselha-lho bem melhor que eu...
No dia seguinte Jetro, o primeiro consultor de executivos da História voltou para casa...
Professor: Stefano Addeo Neto-Universidade Nove de Julho

Responda as perguntas: Em essência, o que Jetro recomendou a Moisés? Quais as condições para que as recomendações de Jetro funcionem? Algumas pessoas recusariam a responsabilidade de auxiliar Moisés? O que proporia para persuadir os que recusassem? Ou você ficaria somente com os que aceitassem? Em sua opinião a recomendação continua atual? Por quê? Muito tempo se passou desde aquela tarde na colina do deserto e o que mudou de lá para cá?
Notamos que boa parte dos conflitos ocorridos entre colaboradores e gestores é devido ao fato de que cada um entende uma linguagem diferente, enquanto chefes cobram dos colaboradores certos resultados, estes são, de certa forma, instruídos a perseguirem outros, os conflitos vem à tona sob a forma de cada um defender suas orientações, aceitações e/ou convicções é o que ocorre com mais freqüência, darei um exemplo:
Recentemente realizamos um trabalho de Consultoria em uma organização do Ramo Alimentício Varejista com 06 Lojas, 01 Centro de Recebimento/Expedição e 01 centro Administrativo no qual se relaciona com todas as casas e com o centro de Recebimento/Expedição mediante e-mails e telefonemas, cada departamento é “Independente em suas atribuições” segundo o Diretor.
Na dinâmica de Recebimento de mercadorias “naturalmente” ocorrem divergências de valores entre pedidos de compras e valores nas notas fiscais, quando informados ao setor Compras, este autoriza o recebimento dado às divergências de valores para mais informando ter sido um erro de digitação, por exemplo, o setor Financeiro cujo controle versa em verificar dentre outros os pedidos e as consequentes entradas de notas no sistema reclamam com o Gestor o cadastramento desta nota fiscal em sistema com valores acima do pedido de compra, enquanto este procura corrigir e identificar as falhas é informado pelos seus subordinados que a autorização foi dada pelo setor de Compras que tem autonomia para tal, atentando para o Financeiro a justificativa é a de que só podem efetuar tal pagamento com prévia autorização da Diretoria, enquanto se desenrola este caso imaginem o tamanho do estresse causado e mais todos esses setores recebem ordens específicas dos Executivos, portanto Compras defende-se sob a sombra do seu superior hierárquico, o Financeiro idem, o Gestor é Político para não entrar em atrito com ninguém e o colaborador no final das contas leva a culpa.
Não é a toa que comentários depreciativos percorrem setores e que muitos tomaram para si um jeitão todo especial de se dar bem, Liderança quando há, deve se preocupar tão somente para que todos sigam as mesmas diretrizes e de forma alguma sejam desvirtuados por ordens e diretrizes paralelas que atendem mais a caprichos pessoais do que a um interesse em conjunto.
Liderança é discutida por todos exaustivamente como o modelo ideal, enquanto Chefia parece ser a ideia contraria, já escrevi em outros textos tentando separar com definições e conceitos um e outro respeitando as características necessárias para sua implantação, mas entendo que a Chefia deve ser também entendida pelo pretenso Chefe como a realização de uma política de Liderança e servir a este propósito, então o que há de errado quando as coisas não andam bem, talvez a resposta esteja mais acima, quanto mais envolvido com questões “pequenas”, mais distante se esta da prática da Liderança então Delegar passa a ser imperativo para que as coisas andem bem e não se desvie do foco que em síntese é Liderar se lhe faltar discernimento ou qualquer coisa que o limite, como disse Jetro a Moisés, ainda que não seja Moisés: “Converse com DEUS de vez em quando, ele com certeza saberá aconselha-lho bem melhor que eu.”.
Fontes: